83, Rue de Rennes 75006

L'incurie de la toilette est un suicide moral.

dimanche, octobre 29, 2006

Charlotte Gainsbourg - Songs That We Sing

taí uma filha que é tão cool quanto os pais famosos.

samedi, octobre 28, 2006

Semana passada fui comprar alguns livros sobre a Grécia. Quando estava saindo do Gibert Jeune resolvi voltar. Respirei fundo, olhei para os dois lados e peguei um exemplar de "Trouver un Jules à Paris". Abri o livrinho num ângulo de 180 graus para ninguém ver a capa, folheei, e pensei ah, what the heck. Resolvi pegar "La photographie à Paris" também para disfarçar, sim, mas também porque eu gosto de fotografia! Juro!

Na hora de pagar foi outro processo de aceitação da minha parte. O que o caissier vai pensar? E se de repente ele for bonitinho, eu pensei? Imaginei já uma história de amor a partir daí. Quem sabe o caissier veria o meu estado de desespero e me chamaria para sair? Bom, acabou que eu cai numa cassière. Botei o da photographie em cima do jules, claro. Ela aparentemente nem reparou; ou se reparou é de uma frieza sem tamanho! Eu, por exemplo, se fosse caixa e visse alguém comprando esse livro daria um sorrisinho de pena, de compaixão, enfim, de alguma coisa, nem que fosse para caçoar!

Pelo o que vocês podem ver, eu ando em baixa por aqui! Ontem utilizei meu último recurso, minha última carta na manga: o batom vermelho. E nenhum efeito! Nada, rien, niente!

Escutando: "Mi confesion", Gotan Project

vendredi, octobre 27, 2006

Ando com uma preguicite para atualizar. É que as coisas vão acontecendo e fica difícil de contar tudo! Bom, vamos por partes, como diria o esquartejador! Abandonei História da França no século XIX. Sim, podem jogar na minha cara que eu sou uma fraca, que desisto sem mal tentar, que eu não consigo enfrentar obstáculos! OK, isso tudo é verdade. Mas, como diz a letra do funk, "eu só quero é ser feliz"! Gente, estava sem vida fazendo essa matéria. Resolvi mudar para "Introduction à la préservation des biens culturels" - que eu queria in the first place, mas não tinha mais vaga no dia da inscrição. Pois bem, fui falar com o professor, evoquei toda a minha faceta atriz mexicana (confesso também que estava usando um batom rosinha muito formoso) e consegui que ele me aceitasse (afinal, o prazo para mudança de matérias já tinha acabado)! Além de interessante e agradável, o professor deixa os alunos participarem (coisa muito rara por aqui). Enfim, um alívio em todos os sentidos.

Essa mudança me fez um bem danado. Hoje consegui até ir ao cinema! Antes passei no Beaubourg e comprei cadernos engraçadinhos. Sabe aquela sensação de começar desde a primeira folha com letra bonitinha e caprichada? Pois é, estou boba desse jeito!

Depois, ali do lado, peguei uma sessão no MK2 Beaubourg (que tem uma das melhores programações, junto com o Hautefeuille) com a Beta. Aliás, eu só tenho levado a Beta para programas finos! Ontem ela foi ver a "Medéia" japonesa comigo. Estava tensa por causa de um dia traumatizante para mim, em que arrastei +- 7 pessoas para ver "Surto" comigo. Foi um mico tão grande que eu paguei uma rodada de chope para todo mundo depois da tragédia que foi assistir essa peça! A peça foi um luxo só, indescritível (aliás, merece um post só falando dela). A companhia é inclusive uma das mais renomadas no Japão.

E, hoje, vimos um filme incrível, daqueles que te deixam desnorteada, sem saber pra onde ir depois que você empurra a barra para abrir a porta do cinema. Sensação muito parecida quando você dá um mergulho na praia e não consegue achar sua barraca. Pois bem, esse filme que não está me deixando dormir - afinal, aqui já passou da 01:00 - se chama "Bye bye blackbird". Ele estreou por aqui há umas 3 semanas e, apesar de não saber nada sobre ele, fiquei muito atraída quando vi o pôster na rua. Ah, como a idealização é bela e... decadente.

Escutando: "Consolation prizes", Phoenix

mardi, octobre 24, 2006

Tomei um café na casa da Marine, no domingo, antes de viajar para o teatro. Sim, viajar, porque nunca imaginei que Gennevilliers ficasse tão na pqp de Paris. Na verdade, oficialmente nem é mais Paris. Para chegar lá, o metro cruza o Sena duas vezes! Quando saí na última estação da linha 13 (que by the way eu nunca tinha pego) fui procurar a rua e percebi que nem constava no meu plan de Paris! Abstrai o cc, a distância, as pessoas estranhas e o fato de que eu estava sozinha num subúrbio de Paris e pensei comigo mesma "isabel, tudo pela arte! você está prestes a ver 'ifigênia em áulis', olha que privilégio!". Nenhum carro queimado pelo caminho, bom sinal. Chego viva no teatro, eu e minha bolsa Vanessa Bruno.

Até agora não sei o que achei da montagem da peça. Talvez só faça sentido depois de ver a montagem do Racine amanhã. Então vou fazer um suspense em relação à peça! Amanhã eu conto...

Dormi até às 10 hoje - afinal não tenho aula às segundas. Me arrumei rapidinho e fui resolver burocracias. Eu tinha que comprar um selo para a minha carte de séjour - selo mais caro da minha vida, inclusive - na mairie do 6ème, que fica literalmente atrás da minha rua. Eu simplesmente me perdi no meu próprio quartier. Tenho a leve impressão de que eu fico alucinada quando esqueço o óculos em casa. Essa não foi a primeira vez. Quando acordo e saio para a rua sem meus óculos é como se eu tivesse sonâmbula. Gente, alguém aí já passou por isso? Ou eu sou louca?!

Bom, depois Marine veio aqui em casa para fazer uma pesquisa na Internet. Ela achou minha casa mimi. Enquanto ela fazia a pesquisa, eu adiantei bastante meus estudos de arqueologia grega. Completei quase toda a carte muette da Grécia Antiga! Já sei nome de todas as ilhinhas do Mar Egeu!

Tomei banho, Hyomin passou aqui em casa, estava désolée porque não havia conseguido ingresso para o show do Nouvelle Vague hoje. Comemos um crepe; no da Hyomin tinha um steak haché dentro! No meu tinha um ovo, claro, eu adoro um ovinho no meio da comida tal qual meu pai. Começou a chover forte pacas e eu me lembrei da coisa que eu sempre lembro quando chove forte: eu não tenho guarda-chuva. Eu já passei 7 meses em Paris sem guarda-chuva. Meu Deus, como eu consegui? Pensei também na segunda coisa que eu penso quando chove e eu lembro que não tenho guarda-chuva: meu rímel não é à prova d'água.

A vida segue, não é? Fui correndo até o metro mais próximo. Eu estava na linha 4 às 18.30... Depois de quase meia hora finalmente cheguei em Pigalle. Tudo estava como sempre, inferninhos, néons vermelhos por toda parte. Entrei no La Cigale, peguei uma cerveja e me sentei. Uma moça chamada Katherine sei lá das quantas abriu o show. Ela é daquelas que cantam fininho e longo, sabem? Dava para ver que ela estava muito feliz cantando. Não entendi como porque as músicas dela são muito, muito boring. Tão boring que no meio de uma música uma menina que estava bem na frente caiu pra trás, a cabeça dela quase tocou meu pé, e começou a ter um ataque epiléptico! OK, vocês devem estar pensando em como eu não tenho conhecimento algum de medicina (afinal, eu mal sei qual remédio tomar para resfriado) para afirmar assim com tanta certeza. Mas fez tanto sentido! A menina caiu para trás tão forte, como se fosse uma stunt de filme do Jackie Chan. E a Katherine sei lá das quantas continuou de olhinhos fechados, cantando sua canção com muita honestidade sem se dar conta do buraco que se formava no meio da platéia para acudir a pobre epiléptica!

O show do Nouvelle Vague? Dionisíaco!




Escutando: "Dance with me", Nouvelle Vague

dimanche, octobre 22, 2006

Desde que as aulas começaram eu ainda não tive tempo de ir a um museu! Fazem 3 semanas que não piso em um! É muito difícil morar em Paris; é tanta coisa para ver, uma programação cultural tão intensa que você sempre tem que deixar alguma coisa de lado. Como antes das aulas eu me dediquei às expos, agora resolvi me concentrar no teatro.



O Théâtre de Genevilliers está com uma programação incrível, intercalando "Ifigênia em Áulis", do Eurípedes, e "Ifigênia", do Racine. Duas peças que contam a mesma história, mas escritas em épocas totalmente diferentes. Acho que vai ser bonito. Hoje vou ver a do Eurípedes e terça a do Racine.


Comprei ingresso também para "Medéia", também do Eurípedes - já viram que eu gosto pouco de cultura grega. Mas não é qualquer Medéia! Na verdade, é uma adaptação da peça do Eurípedes. Se trata de uma produção... japonesa! Com direito a legenda e tudo! Vai ser, no mínimo, bizarro ver uma Médéia japonesa cheia de fúria, matando filhos, marido e quem mais aparecer pela frente! Pelo o que eu li no Pariscope, a trama se passa no Japão do século XX, no fim da era Meiji, numa "casa de prazer"... é ver para crer!


Semana que vem eu me atualizo nas exposições: retrospectiva do Yves Klein em Beaubourg, Disney no Grand Palais e Hogarth-Rembrandt no Louvre! Ufa!

Escutando: "The greatest", Cat Power

jeudi, octobre 19, 2006

Hoje eu finalmente escolhi o quadro para minha exposé de Art Contemporain. Na verdade, foi meio ao acaso. No primeiro dia de aula todo mundo começou a escolher os que eu queria - De Chirico, Derain, Klein... - e eu fiquei a ver navios. Hoje a professora levou mais quadros para os que ainda não haviam escolhido. Ela botou mais um De Chirico, um Malevich, agora não estou lembrando dos outros. O último foi o que eu acabei escolhendo, meio que por instinto e porque é um pouco misterioso mesmo para quem estuda arte. Se trata de "L'artiste et son modèle" do Balthus, que eu conhecia até então só esteticamente. E não é que ele estava vivinho da silva até 5 anos atrás? Outra informação que me surpreendeu é que ele foi pintado entre 1980 e 81. Eu chutaria fácil década de 50... tão recente. Bom, mãos à obra. Can't hardly wait.


mercredi, octobre 18, 2006

COGITO ERGO SUM


Eu não queria acordar 6.30 para ir para a aula de latim (que, by the way, tem duração de 3 horas!), mas fui, claro. Vale pelo professor que, tenho certeza, entrou no carro de "De volta para o futuro" e veio direto da Idade Média. Ele pede para cada aluno ler uma frase em latim contando a história de Roma e traduzir. Eu ia contando quantas pessoas tinha na minha frente para saber qual frase cairia em mim para, assim, já tê-la pronta para não pagar um mico federal. Óbvio que, depois de quase 5 anos no departamento de Comunicação Social, eu tenho um problema sério com matemática. Nunca contava certo e sempre fazia a frase errada! De qualquer forma, eu balbuciava umas palavras, dava um sorrisinho para o professor e ele acabava me ajudando.

Quando eu não estou na aula eu estou estudando para a aula. E quando eu não estou estudando para a aula eu estou fazendo supermercado ou passando aspirador de pó no carpete. E quando eu não estou fazendo essas tarefas do lar, eu estou resolvendo algo burocrático como inscrição pedagógica ou carte de séjour. E quando eu não estou preocupada com coisas administrativas eu estou dormindo.


Com isso, eu vou vendo os meus dias passarem. E apesar dessa falta de tempo ser fruto de uma tentativa de ordenar e controlar minha nova vidinha, eu sinto exatamente ao contrário, como se tudo estivesse fora do meu domínio.


Além de tudo isso, eu não tenho amigos aqui. Teoricamente eu tenho. Muitos até. Mas não tenho, sabe? Estava um bagaço hoje, com direito a maquiagem borrada, soluços e nariz entupido, foi aí que me deu uma luz: resolvi ligar para Hyomin (escrevi certo? meu celular está longe). Tomamos um café depois da aula, ela me apresentou uma amiga dela polonesa e nós viramos melhores amigas em 40 minutos. (cont)


Escutando: "Sand river", Beth Gibbons and Rusty Man

mardi, octobre 17, 2006

Uma vantagem de se morar em Paris é que todo mundo quando viaja - para a Europa - sempre dá uma passada por aqui. Então, quase todo mês terei visitas. Ótimo, não? Meus pais, Jules, Beta, Alfredo mês que vem. Mas, pensando bem, agora tô achando péssimo. Imagina, todo mês ter que me despedir das pessoas queridas. Muito ruim essa sensação das pessoas estarem de passagem na minha vida. E salve o Skype, o Orkut e o MSN!


Escutando: "The greatest", Cat Power

lundi, octobre 16, 2006

Pretendo sair da aula de História da França no século XIX nessa sexta e ir direto para o cabelereiro. Any suggestions?


Escutando: "Dazz", Brick

dimanche, octobre 15, 2006

Eu mencionei que eu estava complemente desesperada com a minha aula de História da França no século XIX, né? Pois bem, chego eu na aula sexta-feira toda preparada, com o commentaire feito, o tema da aula estudado e outras cartas guardadas na manga. Todo mundo começou a entregar seus respectivos trabalhos escritos à mão! Perdi o respeito por esse pessoal! Eu fui a única élève a digitar no computador, bonitinho, justificado, Times New Roman, espaçamento 1,5. As exposés foram fraquinhas; as meninas que apresentaram não paravam de ler o papel e nem imprimiram um plan para a turma acompanhar. Eu estava acostumada com Sciences Po style.

Nessa mesma aula, uma japa que estava sentada na mesa da frente às vezes se voltava para trás e me perguntava coisas. Ela estava muito perdida. Eu sei que é feio, mas fiquei de certa forma um pouco feliz de ver alguém pior do que eu. Mas óbvio que isso durou um milésimo de segundo, eu fui simpática e expliquei tudo para ela. Logo pensei "meu deus, é a chance de eu fazer uma amiga! nós estrangeiros temos que nos unir contra essa racinha de parisienses!". Não deu outra! Fomos para a outra aula - de Art Contemporain - juntas, ficamos amigas (descobri que ela não é japa, e sim coreana), trocamos telefones. Quando estávamos indo para aula falamos - entre outras coisas - mal de nossos colegas. E ela me disse que estava completamente perdida e que, pasmem, só entende 30% do que o professor fala!!!!!!!!! Trinta porcento!!!!! Trinta porcento!!!!!

O mais incrível é que ela falou com uma tal naturalidade, da mesma forma que eu falaria "eu prefiro ice tea de manga". Enfim, foi ótimo conhecê-la, combinamos de sair na sexta, no sábado e no domingo, e claro que a gente sequer se falou nesses dias. Eu nem mesmo sei falar o nome dela. Sempre tenho que recorrer ao meu celular: Hyomin. Pois então, Hyomin apesar de tudo já se tornou uma musa para mim. Ela vai para aula de História da França no século XIX, entende 30% e vai cortar o cabelo!

Escutando: "Natural's not in it", Gang of Four

Gente, realmente essa diva não desiste do amor!


http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2006/10/15/286110582.asp

ADORO!


O prédio onde eu estudo é moche. Lembra um pouco o da Petrobras, mas consegue ser mais feio. Tão feio que eu nem tirei foto para botar aqui! Ele fica no 13ème, o que - felizmente -me obriga a sair do meu quartier. Se eu quiser fico dias, semanas, sem sair da minha rua. Eu tenho simplesmente tudo nela: FNAC, Monoprix, Air France, SNFC, La Poste, H&M. Pois bem, a universidade é feia, mas tem o seu charme já que fica no bairro chinês! Ou seja, saio da aula e dou de cara com um trilhão de restaurantes orientais e várias lojinhas entulhadas de objetos engraçados e coloridos.

Minhas aulas são ótimas, principalmente as diretamente ligadas à arte (Arte Contemporânea e Arqueologia e Arte Grega). A única que está me assustando é a de História da França no século XIX. Mas eu também sou burrinha. Como eu não me lembrei do trauma que foi ter aula de História política da França na Sciences Po? Não basta empenho para estudar História aqui. Você tem que dar o seu sangue! Gente, só sei de uma coisa: eu nada sei!

Estou aprendendo latim também. O professor me lembra muito um personagem vindo direto de "O nome da rosa". Uma experiência, digamos, excêntrica. O que está me deixando apaixonada mesmo é a aula de Arqueologia e Arte Grega. Engraçado como eu sinto uma certa intimidade com aquilo que o professor fala. Nem preciso dizer que foi por causa da Isabela, professora de Mitologia da PUC. Gente, só sei de uma coisa: estou pensando seriamente em ter aulas de Grego Antigo. Doa a quem doer!

Ando preocupada (acho que como qualquer amigo meu) com meu futuro. Queria saber com o que especificamente eu vou trabalhar. Mas é muito difícil. Tanta coisa passando pela minha cabecinha desde ser expert ou arqueóloga até trabalhar na Jalouse! Gente, só sei de uma coisa: vou no show da Beyoncé!

Escutando: "Gerânio", Marisa Monte