83, Rue de Rennes 75006

L'incurie de la toilette est un suicide moral.

dimanche, novembre 26, 2006

O brunch - parte 1

Qualquer coisa pode ser motivo para fazer, como diria a revista Caras, um "evento" aqui em casa. Eu e Marine (a outra Marine, das ilhas Maurício) descobrimos que escolhemos a mesma passagem de "L'éducation sentimentale" para apresentar semana que vem. Então, pronto, convidei ela para estudar lá em casa no sábado. Não satisfeita, resolvi que faria um brunch depois dos estudos para celebrar esse livro maravilhoso! Que mentira de lorota boa... claro que o livro é maravilhoso! Inclusive eu ando meio obcecada por ele. O nome dos personagens já viraram adjetivos no meu vocabulário. "Ihh esse aí é tão Monsieur Arnoux". "Ó, não dê uma de Frédéric, hein"! Mas, voltando ao assunto, eu quis dar o brunch porque - sim, admito! - eu tenho um lado socialite dentro de mim! Nossa, me senti até mais magra depois dessa frase!


Pois então, planejei tudo durante a semana. Imaginei eu e minhas comadres tomando cházinho (Hyomin e Dominika, a polonesa, nos encontrariam exatamente às... 17.00!), conversando sobre frivolidades no meio de docinhos tão lindos que daria até pena de comer! Algo assim no clima Marie Antoinette!




O grande dia chegou. Botei meu despertador às 9 horas, pois eu tinha que começar a produção. Chovia, então resolvi adiantar a segunda parte do plano: a faxina. Comecei por onde sempre começo, o chão. Eu conheço o chão da minha casa nos mínimos detalhes. Depois limpei o banheiro, lavei a louça e a guardei (porque não é visualmente bonito deixá-los expostos). Claro, sempre esborrifando entre uma etapa e outra meu spray com cheirinho de... agora não me vem o nome do cheiro, mas digamos que é um cheiro de limpeza!


Antes de sair de casa, separei meus assiettes Pompadour (iguais aos dessa foto , mas em preto e branco!). Passei no Gibert Jeune e comprei "Les règles de l'art", do Bourdieu, para me ajudar no trabalho do Flaubert. No caminho para o caixa vi "O mal-estar na civilização", livro citado em 10 entre 10 trabalhos meus, na seção de Psicanálise (e onde mais estaria?!) e não resisti, apesar de ter ficado com um pé atrás em relação à tradução ("La malaise dans la culture").

Saí de lá e fui comprar a rosa da semana. Catherine ainda nem tinha morrido completamente, ela ainda agonizava, mas vamos combinar que meus convidados não iriam apreciá-la nesse estado deplorável! Rebaixei Catherine para a cozinha, dividindo a "cela" com Maria e Antonieta. O "broto" da semana é a mais avant-garde de todas até agora. Ela é branca com pinceladas de rosa, que lembram muito o action painting pollockiano. Mas como Pollock nunca pintou com rosa, acredito eu, resolvi fazer uma singela homenagem à sua grande mecenas, criadora da Art of this Century e ex-mulher de Max Ernst, a minha, a sua, a nossa: Peggy Guggenheim!


Mas, caros leitores, eu não imaginaria o que estava por vir...


To be continue.

samedi, novembre 25, 2006

Ontem depois da aula de Art Contemporain levei Beta e João para conhecerem a parte egípcia do Louvre! Acho que já fui lá, sem brincadeira, umas 50 vezes. É sempre o lugar que eu levo meus amigos. Acho muito mais legal do que a do Met, podem reclamar amantes de NY, mas é verdade! Depois me encontrei com a minha grande parceira da night, Hyomin, a coreana (e não japonesa como muitos amigos meus falam. acho que é dor de cotovelo!). Fomos jantar no meu restaurante favorito na rue de Buci, comi tudo o que tinha direito pois só tinha tomado uma sopinha o dia todo. Bavardamos pra caramba, a Hyomin é muito engraçada e me entende bem. Às vezes sinto um choque (de civilizações?), por exemplo, quando ela me disse que namoraria alguém de n'importe quelle nationalité, mas que queria se casar com um coreano para agradar os pais! Meus zeus, realmente nesse momento me senti um pouco no século XIX! Mas, enfim, vivendo e aprendendo, não é mesmo? Outro dia ela chegou para mim e falou: "ah, Isabel, meus pais estão reclamando que eu não tenho ido à missa (falando com muita culpa). Teno que ir à missa algum dia desses para agradá-los, eles são muito católicos (!!!!!)". A primeira coisa que eu pensei foi "Hyomin, jesus christ, já ouviu falar numa grande invenção humana chamada mentira?!", mas, sabe, cheguei para ela e falei allons-y. E lá fomos nós, domingo à noite, para Saint Germain des Prés.

Madonna - Human Nature (1995)

lundi, novembre 20, 2006

Aos poucos vou inventando uma rotina. Por exemplo, nas segundas estudo só arqueologia e arte grega. As noites de terça são dedicadas ao latim, quarta geralmente a alguma estréia no cinema ou ao nocturne no Louvre, domingo é dia de comer crepe. E sempre reservo meus finais de tarde de sábado para ir ao florista. Nesse último passei numa das floriculturas mais lindas de Paris, na rue de Saints-Pères, só que lá eles não vendem rosas por unidade... Precisava substituir Maria - que morreu na semana passada! - e Antonieta. Agora as duas dividem uma mesma garrafa que fica na janela da cozinha. Mesmo mortas elas continuam cheias de charme! Resolvi acumular meus cadáveres! Voltando ao sábado, fui para Aquarelle, que fica na rue de Buci. Lá caí de amores pela Catherine (de Médici) e resolvi fazer uma festinha lá em casa para celebrar sua beleza. Ela é vermelha por dentro e branca por fora. Olhem que linda!


A soirée foi ótima. Nada muito emocionante para contar para vocês, caros leitores. Nenhuma grande fofoca. Quer dizer, teve uma hora que o João Manuel saiu do banheiro e vi que ele estava com as mãos molhadas. Fui perguntar pra ele se ele estava com nojo da minha toalhinha e, caso ele estivesse, que ela tinha sido lavada hoje mesmo! Ele ficou sem graça! Será que eu sou neurótica? Quê mais? Ah, a Beta não quebrou nada dessa vez! Separei especialmente para ela uma taça de plástico. Um pequeno desastre: alguém deixou cair uma trufa no chão e, não satisfeito, pisou em cima! Ainda bem que eu tenho um produto tiro-e-queda de carpete. Será que foi a Beta?


Ah, já ia esquecendo de contar uma história muito comovente! Lá estava eu recebendo os primeiros convidados da noite e eu reparo que alguém passou um bilhete por debaixo da minha porta! Nem preciso dizer que fiquei super empolgada! Seria um admirador secreto? Um vizinho ameaçando chamar a polícia? Uma alma perdida tentando fazer contato? Na verdade, era um bilhetinho muito simpático de uma vizinha, que se dizia aluna de Medicina e cansadíssima. Ela se desculpou por me embêter, só pediu para fazermos menos barulho possível e nos desejou uma bonne soirée. Fofo, não? Eu fiz todos os convidados lerem o bilhetinho escrito numa página de caderno. Boa parte respondeu "je m'en fous". Quanta audácia! Eu fiquei super emocionada! A letra era super arredondada, então imaginei que ela ainda estivesse bem no começo do curso. Como ela não disse de que lado morava, não pude respondê-la.


No domingo, pela manhã, um fato inédito na minha vida doméstica parisiense: alguém bate na porta. Tinha certeza que era ela. Eu estava toda desengonçada, ainda de pijama, e tratei logo de botar meu roupão cuja manga direita está queimada (acidentes domésticos...). Abri a porta e a profundidade da olheira de Clémence me impressionou. Pensei em apresentá-la ao touche éclat YSL que eu tenho. Produto milagroso! Mas, enfim, acho que ela ficaria assustada! Resumindo: eu pedi desculpas pelo barulho e ela também por me déranger em pleno sábado à noite. Ficamos amigas e combinamos um café essa semana.

-Você bate lá em casa?

- Ou te deixo um bilhete embaixo da porta!


dimanche, novembre 19, 2006

Junto com a Hyomin, Marine é minha melhor amiga. Ontem numa soirée aqui em casa, ela chegou até a mencionar que eu - em tempo recorde - cheguei ao ranking de petit carré de chocolat, título reservado para poucas pessoas na vida dela. Eu, óbvio, fiquei emocionada (confesso que tinha bebido algumas taças de Beaujolais Nouveau) já que as relações aqui demoram bastante para adquirir essas coisa maravilhosa, que eu amo, chamada intimidade. Ameacei até chorar. Eu sempre ameaço chorar, mas é sempre exagero da minha parte (e eu faço de propósito), vocês sabem como eu adooooooro um melodrama. Agradeci à carotte (é assim que eu a chamo) e falei que a recíproca era verdadeira. E é mesmo, pensei comigo mesma, apesar dela ter me levado na quinta-feira para uma das festas mais catastróficas da minha vida.



Era o dia do lançamento do Beaujolais Nouveau 2006 e um de seus amigos, chamado Charles, que trabalha no BDE (Bureau des Élèves, espécie de associação estudantil) da escola de engenharia de aviação estava organizando uma festa. Depois dessa festa, que na verdade era uma espécie de pré-night, ainda iríamos ao Duplex, uma boate de playboys de 18 anos no 16ème.


Bom, de cara o programa não me foi muito atraente, mas carotte estava tão empolgada em me apresentar seus amigos que não tive como recusar. Lá fomos nós para Levallois, again na periferia de Paris. Uma viagem! Meu Zeus, como eu sou bairrista aqui! Encontramos com dois amigos dela, impecavelmente vestidos e - como nao poderia deixar de ser - blasés. Marine e seus amigos são de Reims, terra do champagne. Na verdade, eles não são de Reims, eles são da elite de Reims, grande diferença. Imaginem um passatempo bem aristo. Tenis, golfe, hipismo, pólo. Não, não, não e não. Nos finais de semana, os amigos de Marine caçam. Eles caçam! Essa informação foi by far uma das mais bizarras que já escutei na minha vida. Isso me lembra "Guerra e Paz" ou então "The Queen", o filme maravilhoso que vi semana passada (aliás recomendo aos meus queridos leitores os dois).

Voltando à fatídica noite de quinta-feira. Os amigos de carotte só conversavam com ela. Nem um comentário sobre o Ronaldinho, nem sobre a reeleição do Lula. Chegamos no BDE, antes de ir para a festinha, eles escutavam Bob Sinclair (!!!!) e misturavam whisky e coca-cola (!!!!!!!!!!!). No caminho para a festinha, um deles tenta estabelecer contato comigo e pergunta se eu estou chocada com a quantidade de bebida alcóolica que eles consomem. Eu perguntei se ele tinha esquecido que eu venho do Brasil, que só não perde para os países escandinavos (mas também a taxa de suicídio justifica). Ele ficou super ofendido. Dá para levar a sério um francês que usa uma capa Burberry, caça e quer dar uma de Bukowsky (ou seria James Dean)? Pra cima de moi? Não preciso nem dizer que essa foi a primeira e última tentativa de contato comigo na noite!!!!


O lugar da tal festinha parecia um play de prédio na Barra. Imaginem a festa de alguém de 14 anos, que ainda não conhece muita gente (só os colegas da escola) e não consegue nem mesmo encher uma festa num play! Pois então, era nesse nível. De cinco em cinco minutos, um bando de homens se atracava (alunos de engenharia de aviação, não se esqueçam), pulavam e cantavam gritos de guerra (???). Eu estava num cantinho, observando de longe essa paisagem exótica e eis que eu vejo, de soslaio, que alguém estava vindo na minha direção. Não deveria ter mais do que 18 anos, era gordinho, tinha buchechas rosas tal qual um porquinho e usava um moleton azul. Na minha imaginação ele também tinha muitas espinhas no rosto. Pois bem, esse ser se aproxima e fala: "Você é feia!". O tempo parou. Ótimo, eu pensei, não tinha como a noite melhorar! Um nanico, gordo de 18 anos, que canta gritos de guerra, faz engenharia de aviação e é francês, ainda por cima, teve o trabalho de se separar dos seus amigos, andar até mim e falar que sou feia! Olhei em volta e só consegui responder: "Querido, vindo de você, eu só posso agradecer!", apertei seu queixo e saí.


O melhor da noite, no entanto, ainda estava por vir. All of a sudden, entra um cara vestido de Borat. Mas não era qualquer fantasia, ele usava uma sunga amarelo fosforecente enfiada, que logo me lembrou do que dizia Pangloss em "Candide": nós vivemos no melhor dos mundos possíveis!

samedi, novembre 18, 2006

Hello, alguém pode apresentar o bom senso ao Beckham, por favor!!!!


vendredi, novembre 17, 2006

Peço de antemão desculpas pela demora aos meus caros leitores porque, depois que instalei um counter, descobri que tenho muitos! Meus dias andam bem cheios. Semana passada fiz um abonnement com a Mk2. Então, tenho ido quase diariamente ao cinema. Dois filmes me chamaram atenção e, na minha singela opinião, concorrem ao Oscar Bebel de melhores do ano: "The Queen", do Stephen Frears, e "Babel", do Alejandro González Iñárritu.


Há quatro anos - meu zeus, 4 anos déjà! - minha querida professora de teatro, Susanna Kruger, falou que uma peça é excelente quando todos os elementos que a compõe estão em perfeita harmonia. Então, uma peça não é necessariamente incrível apesar do desempenho de tal ator ou da cenografia ser excepcional. Acho que isso se aplica a qualquer obra de arte. E essa sensação de incrível orquestração percebi tanto em "The Queen" quanto em "Babel". Tudo se complementa, tornando o produto final maravilhoso.


Ando ocupada também com a programação do Louvre que, esse mês, anda muito muito intensa. Primeiro porque o mês de novembro é Le Mois de la Photo em Paris. Segundo porque o Louvre convidou a escritora americana Toni Morrison - também ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura em 1993 - para fazer uma programação especial sobre algum tema. Ela escolheu "Étranger chez soi", ou seja, uma das coisas que mais me fascina: a alteridade.


O departamento de Antiguidade em particular preparou uma série de conferências e visita-conferências incrível. Eu assisti "Les femmes dans la cité grecque" com uma das maiores historiadoras da Antiguidade aqui, Pauline Schmitt Pantel, que é especializada em mulheres na Grécia Antiga. Ela fez o volume 1 da História das mulheres, aquela coleção enoooorme dirigida pelo Georges Duby. Nem preciso dizer que foi lindo e que eu quase chorei de emoção junto com a professora Pauline quando ela leu o Hino Homérico a Deméter!!!!! Eu tenho quase certeza que ela chorou lendo!!!! Mais uma vez eu era a única com menos de 70 anos. Estou começando a ficar acostumada com isso!!!! Quem sabe eu não dou o golpe do baú em algum???

lundi, novembre 13, 2006

Viktor & Rolf H&M Collection 2006

Gente, meu vestido aparece no minuto 01:45

vendredi, novembre 10, 2006

Outro dia estava no L'Étoile com amigos e, papo-vai-papo-vem, começamos a falar sobre animais de estimação. Eu não titubeei e falei de supetão que eu prefiro plantas à animais! Polêmica na mesa! Aliás, eu ando frequentando semanalmente os floristas parisienses. Sempre vou alternando para, no final, decidir qual vai ser o meu florista definitivo. Por enquanto, continuo bem leiga.

Não adianta comprar muitas plantinhas nessa época do ano porque elas morrem mesmo. Vide minha tão querida e amada pé de pimenta, que eu carinhosamente apelidei de Cicarelli (pequena homenagem ao romantissíssimo vídeo!). A história chega a ser um pouco mórbida. Depois de quase dois meses, vi que as folhas dela enrrugaram; Cica começou também a entortar. No entanto, eu insisti até o último segundo. Tragicamente, minha persiana da varanda em que Cica se encontra calhou de quebrar nesse último segundo. Ou seja, Cica está morta na varanda, sofrendo com o vento de outono, mortinha da silva, e eu não posso fazer nada. Ela não teve nem mesmo o direito de ter um enterro decente. Morreu como indigente! Agora mesmo, caros leitores, escrevo deitadinha na minha cama tão macia e quentinha, e a pobrezinha está lá fora passando frio. Quer dizer, se bem que ela morreu, não é mesmo? Mas que é triste, é!

Eu sou uma pessoa fria e tratei logo, logo de substituir a Cica. Como iria fazer o primeiro "evento" - segundo a revista Caras - na minha casa, resolvi juntar o útil ao agradável. Minha nova companheira se chama Antonieta e ela é uma rosa rosa. É também a rosa rosa mais charmosa que eu já vi (e mais cara também!). Botei ela numa garrafa de vinho bonita que eu tinha guardado (a garrafa de vinho mais cara desde que cheguei em Paris: 7 euros!). Antonieta iluminava a casa. Deixava ela no meu "cantinho moda" ao lado (não por acaso) da Vogue especial Marie Antoinette. Um esplendor só! Estava tão encantada com Antonieta que, no dia seguinte, resolvi comprar uma irmã para ela. Maria custou 50 centimes mais caro que Antonieta! Pelo menos, ela está durando mais em relação a Antonieta que, infelizmente, faleceu ontem! Olha que mórbido: agora Antonieta foi rebaixada e enfeita a janela da cozinha!

Pronto, a novela das plantas por enquanto acabou. A brincadeira acaba saindo caro, compreende?

Existem três dias da moda muito importantes aqui em Paris. Esqueçam fashion weeks! Estou falando dos dias importantes para nós, pobres e reles mortais, que não sentam na fila A nem do desfile da C&A e que, nem se dividissem em 60 vezes, nunca conseguiriam pagar um vestido couture Valentino (até porque isso nem é possível, as grandes maisons não aceitam parcelamento, bien sûr)! Pois então, dois deles são um tanto óbvios: os dias oficiais em que começam as liquidações (respectivamente em janeiro para as coleções de inverno e agosto para as de verão). Vejam bem o nível de seriedade no negócio.


É uma verdadeira experiência antropológica andar por Paris nesses dias específicos. Quando o dia D é divulgado, mulheres de todos os quartiers se organizam, fazem planilhas com todos os artigos que querem adquirir por um preço mais razoável para poderem, assim, esquematizar o roteiro das lojas que devem ir (por ordem de importância). Caso você, caro leitor, seja homem e não esteja entendendo toda essa neurose por causa de um dia sendo que a liquidação permanece por mais de um mês, a resposta é bem simples: as melhores peças e os tamanhos mais requisitados desaparecem em questão de segundos. Estar num primeiro dia de liquidação em Paris é que nem estar num campo de batalha. There's no looking back. Sabem o capítulo de Friends em que a Mônica vai no outlet da Vera Wang para comprar seu vestido de noivado? É mais ou menos por aí! Sempre vai ter alguém de olho no seu e, às vezes, pode acontecer de você estar de olho no do outro. Enfim, é realmente um no women's land.


Agora vocês devem estar se perguntando qual é o misterioso terceiro dia importante no ano? Esse dia, meus queridos, foi hoje. E eu acabo de arrematar um vestido H&M. By Viktor & Rolf, bien entendu.

jeudi, novembre 02, 2006

SÃO JOÃO BATISTA


Para aqueles que só acreditam vendo, e duvidam dos meus dotes domésticos!



mercredi, novembre 01, 2006

Paris é uma das melhores cidades do mundo para quem é cinéfilo. Estreiam, no mínimo, uns dez filmes por semana. E eles são lançados sempre às quartas, o que faz com que os cinemas não fiquem tão lotados no final de semana. As grandes cadeias comerciais, como UGC, Mk2 e Gaumont, passam filmes considerados "alternativos" no Brasil. Imagina a programação dos cinemas realmente alternativos! Aqui você pode achar sessões às 10 da manhã e se pagar 18 euros por mês pode ver quantos filmes quiser numa determinada cadeia.

Hoje vi o novo do Woody Allen chamado "Scoop". A sessão era das 16.15 no L'Arlequin (que fica em frente ao meu prédio), cheguei lá às 16.12 e tinha uma filinha para comprar ingresso. Não existe esse hábito de chegar com 40 minutos de antecedência para talvez ver o filme! Você chega, paga e entra, ou seja, só pega uma fila. Ai, ai, bom demais...

Por falar em bom demais, recomendo essa crêperie que fica na Rue Princesse chamada L'Étoile. Muito charmosa!



Escutando: "Baby, oh no", Bow Wow Wow

EU QUERO FAZER PARTE DESTA CAUSA!!!!!


http://noticias.uol.com.br/ultnot/2006/11/01/ult32u15250.jhtm


Escutando: "Manhattan", Blossom Dearie

Eu finalmente consegui fazer café. Quer dizer, descobri que, sim, é verdade, se misturar aqueles granuladinhos marrons com água fervida vira café. Parece até mágica. Sempre desconfiei de café solúvel, assim como eu sempre desconfiei de comida japonesa. Só há dois, três anos resolvi me render às tiras de peixe cru (e acabei amando, claro).

E, como sempre acontece com as minhas novas "descobertas", eu fiquei obcecada. Até comprei açúcar em forma de coração. Só hoje, tomei três xícaras de café! Acho que estou até levemente alucinada. Imagina, café por aqui (com exceção das cafeterias estudantis) custa em torno de 2,50E! Hoje nem tomei o meu sagrado ice tea de manga, para vocês terem noção.

Como vocês podem ver, minha vida anda muito "do lar". Ontem a Hyomin veio aqui em casa à noite e ela mencionou que eu estava muito empolgada, cheia de energia. Eu respondi que tinha acabado de voltar do supermercado e comprado vários produtos novos de limpeza! E ela ria, mas ria tanto que eu cheguei a pensar que a cabeça dela iria se desmembrar do corpo e sair voando. Pode ser coisa de louco, mas eu realmente não consigo ficar feliz se meu banherinho não está com cheirinho de lavanda, se meu tapetinho branco não está escovado, se o ar daqui de casa não está puro! Simplesmente é impossível.

A harmonia da minha casa está prestes a ser quebrada. Vejam bem o meu nervosismo: uma colega nova da faculdade vem aqui no domingo estudar. Ela se chama Gabriela, está comigo na aula de Archéologie et art grecs e vem do Uruguai. Vocês devem estar se perguntando porque eu a convidei então, ora bolas? Resposta: porque ela praticamente se convidou!!!

Bem, na verdade ela é ótima. Diferente das minhas outras amiguinhas de cabelos modernééééérrimos, ela tem 37 anos e trabalhou durante 20 anos como editora de um jornal uruguaio, ou seja, é super interessante, cheia de experiência e histórias pra contar. Em tempos de crise no país dela, resolveu vender tudo lá, estudar o que ela sempre quis e morar com uma antiga paixão em Paris.

Ela me chamou atenção, primeiro, claro, porque eu vi que ela tinha sotaque enquanto falava e, segundo, porque ela fala com o professor de igual para igual. Óbvio que eu fui puxar conversa com ela no final da aula, ela ficou toda empolgada comigo, disse inclusive que o pai dela mora em Manaus (esquisito?). Antes mesmo dela mencionar que era jornalista, eu já tinha imaginado. Um, ela se veste mallllllllll (usa uma jaqueta de couro que bate no joelho), dois, tem um bafo muito forte, uma mistura de cigarro com café e, três, tem uma opinião formada sobre tudo.

O problema é que ela é do tipo que não dá o braço a torcer; quando tem uma opinião e acredita em algo, dificilmente muda de idéia. E, vamos combinar que isso é chato pacas, né? Ontem, por exemplo, ela se virou para mim antes da aula começar e disse "parabéns! você deve estar feliz!" com um sorrisão (nada bonito, diga-se de passagem). Eu, sem entender nada, perguntei por quê. Ela respondeu que era por causa da reeleição do Lula. Eu disse que isso não me deixa feliz, sobretudo pelo último governo dele. E isso não quer dizer que eu não votaria nele, vejam bem. Também não quer dizer que votaria. Mas, vamos combinar. Tomar um sorvete de framboesa no Amorino me deixa feliz. Assistir o clipe do Lion Heart, "Teu Olhar", me deixa feliz. Dançar "Kung-Fu Fighting" me deixa feliz. Beber uma boa caipirinha me deixa feliz. Agora saber que o Lula foi reeleito me deixa, digamos (para não causar polêmica), indiferente.

Ela começou a argumentar como o governo dele foi diferente e como o Lula é incrível. Eu comecei a achar sinceramente que ela mora em outro mundo, sobretudo, porque ela é jornalista! Engraçado como às vezes eu acho que eu sou alienadinha, afinal, eu me preocupo muito mais saber do novo desinfetante que foi lançado no supermercado ou em decorar o nome das ilhas do Mar Egeu. No final das contas, não importa a idade, o credo, a origem, só vê a vida quem quer.

Bem provável que, inesperadamente, eu fique gripada de novo esse final de semana.

Escutando: "Mes emmerdes", Charles Aznavour