Don't change your hair for me
Eu havia chegado num estágio de encalhação em que só via casais. Pensem bem. Se no primeiro mês em Paris eu já havia purchased “Trouver un Jules à Paris”, imaginem a situação cinco meses depois... Na rua, no cinema, no metro, eles estavam partout e contra mim; cheguei a cogitar que se tratava de um complô. Para me defender, julgava pessoas comprometidas como seres inferiores. “Ahhh, tem namorado? Tsc, tsc, tsc”, eu dizia com uma das sobrancelhas levantada. Meus pobres amigos cansaram de discutir e rediscutir o meu caso, bolar teorias mirabolantes e lamentar a difícil situação de se ser solteiro por muito tempo.
Óbvio que eu nunca levava em consideração pequenos detalhes. Em primeiro lugar, eu mal saio de casa e, quando saio, se trata quase sempre de lugares em que a faixa etária média é de 70 anos. Em segundo lugar, eu nunca tomo iniciativa. Don’t get me wrong, leitores, não considero mulheres de iniciativa como não sendo “de família”. Mas, cá entre nós, esse momento do approach é awkward porque você tem que dizer algo inteligente. Não dá para simplesmente chegar e se apresentar, fazer algum elogio esdrúxulo, comentar o tempo. E as chances d’eu falar uma besteira sem tamanho num momento em que se espera algo inteligente é de 99%. É por isso que sempre prefiro esperar que o outro dê o primeiro passo. E é por isso também, claro, que eu sempre fico encalhada.
A soirée de fin de semestre da Sciences Po não seria diferente. Entraria na festa cheia de esperanças (a última que morre) e sairia cheia de amargura. Pelos menos estava com amigos queridos que não via há tempos, pensei, a música estava sensacional e, entre uma vodka tônica e outra, comecei a deixar o meu lado dancing queen aflorar. Eu não poderia imaginar que dali a alguns segundos tudo iria mudar.