83, Rue de Rennes 75006

L'incurie de la toilette est un suicide moral.

jeudi, décembre 28, 2006

London baby, yeah!

Caros leitores, a novela só volta ano que vem com notícias emocionantes - espero eu - de Londres! Feliz ano novo para todos!

lundi, décembre 25, 2006

I got the feeling

Estou me sentindo péssima. O James Brown morreu e eu talvez tenha uma parcela de culpa. Talvez vocês saibam, caros leitores, que eu invisto muito (muito) em shows. Shows, para mim, são tão importantes quanto viagens. Eu entro no site da FNAC quase que diariamente para ver as novidades. Quando vejo algum artista que me interessa muito, não pestanejo e reservo logo, porque aqui os ingressos acabam com meses de antecedência (não é à toa que perdi a Madonna duas vezes). Hoje, por exemplo, fiquei histérica. O Charles Aznavour vai fazer uma turnê em outubro... do ano que vem! Espero que eu esteja viva até lá. Ou melhor, espero que o Charles Aznavour esteja vivo até lá.

Voltando ao James... eu estava muito confusa com a quantidade de shows: Jerry Lee Lewis, Van Morrisson, Bob Dylan. Acabei deixando o James Brown de lado. Pensei "depois eu resolvo o James Brown, já que a qualquer momento ele pode ser preso ou morrer de overdose" e comprei para o Chuck Berry, que também está com um pézinho na cova, mas como está marcado para janeiro, as chances dele bater as botas teoricamente são menores. E, realmente, o James Brown morreu! Ele morreu! Estou arrasada. Não era pra ele morrer.

Se o Chuck Berry morrer também, vai ser um grande desgaste emocional. Eu não quero nem ver.

dimanche, décembre 17, 2006

Scissor Sisters - I don't feel like dancin'

Bom domingo!

samedi, décembre 16, 2006

Sábado de sol

É sábado e eu tenho que estudar. Esta tarefa se torna ainda mais difícil quando eu penso em vocês aí no Brasil. Imagino meus amigos caçando tatuí, jogando futevôlei e comendo peixe frito com caipirinha na praia. Acho que meu problema nem é a praia, afinal esse é o último lugar em que eu posso ser encontrada quando estou no Rio. Nossa, no final das contas é um bom esconderijo!


Anyway, eu tenho que criar artifícios entre um capítulo e outro para tornar um sábado de estudos em Paris mais divertido. Artifício número 1: dançar "Don't feel like dancin'", do Scissor Sisters. É libertador, experimentem. É uma música que provoca histeria em mim, uma espécie de "Kung-Fu Fighting" do século XXI. Artifício número 2: tomar chá de camomila com Lindt. Eu boto na boca, ao mesmo tempo, o chá e um carré de chocolate, que derrete. Artifício número 3: fazer experimentações com minha maquiagem. Quando não estou com paciência de tirar todas as camadas de blush, sombra e lápis tento bater meu recorde de alongamento de cílios com meus rímeis. Aí, -olhem que lindo - volto a estudar, maquiada e de pijamas.

Mas, sabem, agora nem estou mais me sentindo tão mal.

Eu: Você também tem vontade de se matar ao pensar que nesse exato momento todos nossos amigos devem estar na praia?
João Manuel: Tenho! Mas tudo bem. A gente tá melhor aqui, você com o seu latim e eu tentando problematizar a Europa. Eles devem estar falando sobre como foi a noite no Democráticos ou na Casa da Matriz ontem.

É, realmente. Eu não problematizo os problemas da Europa, mas retiro tudo o que disse.

Bob Dylan - When The Deal Goes Down

Georges Brassens - Les copains d'abord

vendredi, décembre 15, 2006

Tóxico

Eu cansei de bossa nova. Cansei de um-banquinho-um-violão. Me cansei também de Chico Buarque. E de mulheres que dariam para o Chico Buarque. Meu Zeus, elas estão cegas? Ele é velho e barrigudo! Muito mais o Mick Jagger...

O que anda fazendo minha cabeça atualmente é música pop. Não fiquem de olhos arregalados, não. Eu sei que a maioria das pessoas que lêem esse blog só consideram "música de qualidade" ou bossa nova/samba ou jazz ou algumas bandas de rock. Imagino que tenham alguns gatos pingados que escutam música clássica também.

Espero que vocês continuem me amando, caros leitores, depois da declaração que eu estou prestes a dar. Eu adoro a Beyoncé, acho que o Justin Timberlake fez um dos melhores albuns do ano e amei o look pin up da Christina Aguilera em "Ain't no other man". Eu acredito que existe vida além do Posto 9 e do BG. Vida que fica, aliás, muito mais divertida com "Toxic"!

jeudi, décembre 14, 2006

Rumo ao Oscar

Gente, estou um pavãozinho. Fui citada no blog dos Tribuneiros, no texto "A moça do elevador". Uma clémentine para o C.A.!

mercredi, décembre 13, 2006

Retrospectiva

Acho que eu nunca estudei tanto na minha vida. Lembram da Gabriela, a uruguaia que fede a cigarro e café? Ela vive reclamando que a universidade é muito escolar, cheia de provinhas e decorebas e outras frescuras. Confesso que eu também reclamava. Mas agora estou no meio dos meus partiels, o semestre está acabando e eu acho que aprendi muito de outubro pra cá. O meu rendimento em dois meses aqui não tem nem comparação com dois meses na PUC. Agora eu conheço a evolução de Matisse, Cézanne e Mondrian, aprendi que putáre é "pensar" em latim, sei de cor o nome de todos os tipos de vasos gregos, fiquei sabendo toda a polêmica em torno da restauração do braço direito do Laocoon e, afinal, li minuciosamente "L'Éducation sentimentale" (quer dizer, estou lendo, faltam 300 páginas ainda!). Enfim, eu sou uma pessoa mais feliz sabendo todas essas coisas que, para a maioria de vocês, são irrelevantes. Ou talvez eu precise urgentemente de um namorado.

samedi, décembre 09, 2006

O brunch - parte 3 (ou J'accuse)

Jesus, Mary and Joseph! Estou me sentindo o próprio Dreyfus, com a diferença de que eu não tenho um Zola para me defender! Como eu sou maquiavélica, pensei em não escrever a terceira - e última - parte da saga do brunch. Mas aí, perderia meus leitores! E eu não sou nada sem meu público. Nada! Nada!


Recapitulando, no post anterior, eu perdi 50% dos meus convidados. Vocês devem estar confusos com a minha matemática, afinal, só tinha comentado a presença de Hyomin, a coreana, Dominika, a polonesa, e Marine, a mauriciana (?). Na verdade, tinha mais uma pessoa na minha lista de convidados.

Quando convidei Marine para o brunch na minha casa, vocês se lembram que o motivo original era discutir Flaubert, não é? Pois bem, Marine me comunica que já tinha marcado de estudar com um tal Arthur (pronuncia-se Artchur), que por acaso também era da turma de Art Contemporain e que também havia selecionado a mesma extrait de "L'Éducation sentimentale". Eu, na esperança de que Arthur fosse o menino-bonitinho-de-cabelos-encaracolados, falei tout de suite num ato de falsa simpatia para Marine convidar o tal Arthur. E eis que, para minha surpresa, ele surge e aceita o convite. Como a vida real não é que nem filme - apesar de eu insistir nessa idéia -, Arthur obviamente não era o menino-bonitinho-de-cabelos-encaracolados e eu já o conhecia de vista.


A primeira vez que eu vi Arthur na aula de Art Contemporain, ele apresentava um quadro do Delaunay ("L'equipe de Cardiff", 1916). Ele fez uma exposé de quarenta minutos só sobre esse quadro, e isso porque a professora interrompeu! E, vamos combinar, Delaunay é legal, mas nem tanto!

Arthur é uma pessoa que transmite limpeza só de olhar. Na verdade, ele talvez seja a pessoa mais cheirosa que eu já conheci em toda minha vida! Suas roupas estão sempre impecáveis e parecem que caíram como uma luva no seu corpo alto e esquálido, tal qual uma top model. Quando Arthur fala, dá gosto de escutar a língua francesa. Ele fala lentamente, talvez para escutar a beleza da sua própria voz. Eu preciso continuar com a descrição para vocês perceberem que Arthur é gay? Acho que não!

Como não poderia deixar de ser, sua língua é afiadíssima. Uma vez, eu e Hyomin chegamos atrasada no cours magistral de Art Contemporain e tivemos que sentar no fundo do anfiteatro. Calhamos de sentar na frente de Arthur e sua fidel escudeira, uma tal Chloé. Eles falaram do início ao fim. Mostly, eles comentavam as roupas das pessoas que entravam. Parecia um quadro do programa da Luciana Gimenez. O que será que ele comentou da minha roupa? Será que ele me alfinetou?

Imaginem minha cara quando eu me dei conta que Arthur não era o menino-bonitinho-de-cabelo-enroladinho, e sim esse projeto francês de Clodovil? Imaginem vocês, caros leitores, a minha cara quando Marine, no dia do brunch, também me liga em cima da hora dizendo que não pode vir e o interfone toca? Eu iria passar uma tarde não só com uma pessoa que eu mal tinha trocado oi, mas que provavelmente também tinha falado mal da minha roupa!

Resumo da história: hoje, eu e Arthur nos amamos. Nós fofocamos a tarde inteira, falamos mal de tudo e de todos, de Flaubert, de Vogue, de doces, da vida, de Paris e meu brunch, no final das contas, foi mais do que eu havia imaginado. Ganhei um amigo pédé.

samedi, décembre 02, 2006

O brunch - parte 2

Queridos leitores, me desculpem pela demora, mas começou a época de partiels. Agora estou ligeiramente preocupada porque a intensidade do événement do dia 25 de novembro, o brunch, se dissipou na minha memória! Mas, calma, calma, se Proust foi capaz de traçar seu tempo perdido a partir de uma madeleine porque eu não conseguiria me lembrar de algo que aconteceu há uma semana? Só não esperem exatidão!


Onde eu estava? Ah sim! Rue de Buci. Tinha acabado de sair da Aquarelle. Tal qual uma grande mamma de filme do Fellini, eu carregava minhas crias - Peggy (que, by the way, já morreu!) e os livros - nos braços. Sintam o drama: chovia, ventava muito forte e, ainda por cima, estava num bad hair day (parecia uma trombadinha porque em bad hair days eu enfio meu cabelo pra dentro de algum chapéu). Para piorar, comecei a sentir a minha barriga roncando e me lembrei de que ainda não havia comido nada! Eu era a própria Anna Magnani naquele filme do Visconti. O cenário era um pouco trágico, mas para vocês verem o nível do meu otimismo em relação ao brunch, eu almocei sorvete do Amorino! Sopa, frango grelhado ou macarrão eram muito banais para esse dia.

Passei no supermercado, comprei cookies da LU, chocolate Lindt e chás diversos. Depois entrei na pâtisserie maravilhosa que tem aqui na esquina de casa e pedi para a moça do balcão croissants e o gâteau que fica na vitrine, que eu sempre tive vontade de experimentar. Quando falei gâteau ela não entendeu nada. "Ah, vous voulez dire le cake"? Pois então, na padaria da esquina bolo não é gâteau, é cake. Realmente, os tempos mudaram. Escolhi o de chocolate com vanilla e voltei para casa.

No caminho, meu celular toca. Dominika, a polonesa, e Hyomin, a coreana, demoraram uma hora para entrar na biblioteca do Beaubourg e, par conséquence, não poderiam comparecer ao brunch. Dominika se explicava/desculpava repetindo os mesmo argumentos de diversas formas diferentes, já que ela sabia que essa notícia teria o mesmo impacto de uma Hiroshima na minha pessoa!

The show must go on, já dizia a letra do Queen.

To be continue...