83, Rue de Rennes 75006

L'incurie de la toilette est un suicide moral.

lundi, novembre 05, 2007

Um dia a casa cai

Nossa, acho que esse blog virou um blog de retrospectivas! Eu dou as caras a cada 5 meses, que vergonha! Vou poupá-los de um baita flashback e contar o que se passa comigo aqui, agora (leiam pensando no Gil Gomes). Eu estou repórter. Tenho gravador, bloquinho e trench coat à la Clouseau. Cuidado comigo, crianças, tudo o que disserem poderá ser utilizado contra vocês! Semana que vem vou assistir uma audiência e tudo, estou bem animada. Espero que eu não bóie, afinal eu já não sou muito íntima de jargão jurídico, muito menos em francês. Espero também não me decepcionar. O tribunal e os julgamentos do meu imaginário têm duas referências: todos aqueles filmes baseados nos livros do John Grisham e "Chicago". Mas acho que vai ser divertido. Uma vez conheci um velhinho no metrô que tinha uma carteirinha do tribunal aqui de Paris. Ele preferia assistir julgamentos a ver filmes! Acho válido. Mais educativo e econômico do que bingo.


Há umas 3 semanas começou uma reforma aqui, num apartamento do meu andar. Quem me dera se fosse no apartamento da estudante de medicina porque aí eu não teria mais chance de cruzar com ela no corredor. Poderia ser também no do velhinho que tem conjuntivite crônica. Já contei para vocês dele? Ele é baixinho, tem conjuntivite crônica e é sempre um pesadelo dividir o elevador (de 2 metros quadrados) com ele. Ainda por cima, ele fuma um cigarro que, jesus cristo superstar, fede o andar inteiro. Eu diria até que sufoca que nem Chanel nº5 (aliás, alguém além da Marilyn Monroe usa esse perfume?). Realmente não sei o que tem no cigarro desse senhor. Como vocês podem ver, eu ando muito intolerante com cigarro. Mas, pô, infelizmente nós, seres humanos, ainda somos obrigados a respirar o mesmo ar- talvez isso mude algum dia, quem sabe. Ando muito intolerante também com pessoas que não tomam banho.


Bom, tudo isso para dizer que o apartamento em reforma é o ao lado do meu (muro com muro!). É um mistério, para mim, quem mora lá. Vez ou outra escuto alguém lavando louça, mas na maior parte do tempo não tem barulho. Pelo menos essa pessoa faz a louça. A estudante de medicina, por exemplo, só sabe estudar, escutar Bob Sinclair e fingir que ela realmente se importa que tudo vai bem comigo quando nos encontramos no corredor. Isso não importa. O que importa é que desde então eu não tenho nem consigo fazer o checklist mental antes de sair de casa (chaves? celular? dinheiro?) tamanha é a impressão de que eu tenho o Olodum dentro da minha cabeça.

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